"Somos invisíveis aos olhos do mal. '
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas.
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor dos meus cabelos e olhos.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia.
Faminto, o amor devorou minha infância, os dedos sujos de tinta, as botinas nunca engraxadas.
O amor comeu minha paz e minha guerra.
Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão.
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte'”
João Cabral de Melo Neto.
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