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Nenhuma pessoa com um mínimo de discernimento
pediria ao espinheiro para dar-lhe uvas,
e muito menos sofreria por não recebê-las,
pois reconhece que há uma impossibilidade natural:
não se produz aquilo para o qual não se está apto.
Na natureza compreendemos isso sem dificuldade.
No entanto, parecemos ter deletado de nossa mente
que a natureza humana não é tão diferente.
Comumente exigimos que o próximo nos dê aquilo
para o qual ainda não possui aptidão,
o que ainda não sabe fazer,
aquilo para o qual não está maduro para realizar.
E sofremos com isso.
Sofremos por esperar que os outros sejam
como desejamos; e quando não o são dizemos
"fulano me machucou".
Que grande equívoco!
Ninguém nos machuca, nós nos machucamos
ao pedir uvas a espinheiros!
Por decisão pessoal colocamos nossas expectativas
de felicidade nas mãos alheias e nos arriscamos
a esperar que sejam o que queremos, não o que são.
Nosso amor é ambicioso, nada gratuito
como haveria de ser, pois cobramos posturas
para nossa exclusiva satisfação.
As pessoas que amamos
passam a ser nossas "vítimas",
pois para sentirmo-nos retribuídos
os obrigamos a nos amar (e a ser) como queremos,
culpando-os se não isso não acontece.
Pessoas conscientes não dizem
"alguém me machucou, me decepcionou",
porque o fato é que ninguém faz isso.
Além de não existirem pessoas perfeitas na Terra,
cada um tem sua vida,
seu processo evolutivo e não há nenhuma lei
que obrigue um a ser como o outro deseja.
O erro, o engano, as diferenças fazem parte
da história individual de todo ser humano.
Podemos pedir, sugerir, até esperar,
mas jamais deveríamos exigir
(sob pena de contribuir para a própria infelicidade!),
que o outro seja o que queremos,
por não o amarmos como ainda é.
"Capítulo 2 da obra "Agenda Cristã"
André Luiz ---- Chico Xavier.
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