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Do alto da minha montanha
escuto um silêncio ensurdecedor.
Deixo que o céu projete o meu palco
no chão e visto-me de ideias.
O sangue que me corre
nas veias é feito de letras.
Dentro de mim vivem poemas
que me sacodem o medo.
Há noites em que me cantam
fantasmas e sonhos.
Da luz com que materializo as sombras,
sou a linha de que esboça
os contornos de cada história.
Descalço os sapatos e subo às nuvens.
Há alturas em que carrego a poeira
que desprende as asa da minha mente.
Nestes instantes sou do tamanho do tempo.
Com pressa de arrumar a desordem
em que se fazem os dias.
O amanhecer sacode as lágrimas dos versos
por onde dancei e me perdi,
sem resposta para voltar.
Falta-me o chão.
A cortina insiste em fechar,
mas o palco é meu e
vou continuar a escrever
o argumento.
Sofia Martins
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