Você tampa a panela, dobra o avental, deixa a
lágrima secar no arame do varal.
Fecha a agenda, adia o problema, atrasa a
encomenda, guarda insucessos no fundo da gaveta.
A ideia é tirar a tarja preta e pôr o dedo onde
se tem medo.
Você vai perceber que a gente é que faz o
monstro crescer.
Em seguida superar o obstáculo, pois pode-se
estar perdendo um espetáculo acontecendo do outro lado.
Atravessar o escuro até conseguir tatear o
muro, que é o limite da claridade.
Se tiver capacidade para conquistá-la, tente
retê-la o mais que puder.
Há que ter habilidade, sem esquecer que a luz é
mulher.
Do inferno assim desmascarado, é hora de
voltar.
Não importa se é caminho complicado, se a curva
é reta, ou se a reta entorta.
Você buscou seu brilho, voltou completa;
jogou a tranca fora, abriu a porta.
___Flora
Figueiredo